quinta-feira, 27 de outubro de 2016

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Os Pegado Cortez e Gomes de Mello de Currais Novos.

Caro Luiz Gonzaga.
Me permita um pequeno espaço neste seu excelente blog para tecer alguns comentários acerca desta foto, já publicada aqui mesmo em certa ocasião. É bom que saibamos todos que não se trata exclusivamente de uma fotografia comum e envelhecida em face aos tantos tons de cinza e rasuras esculpidas pelo tempo, nem porque foi clicada há 76 anos em pleno 1937, e muito menos porque se trata de meu trisavô/bisavô, respectivamente.
Estes dois senhores, velhinhos, harmoniosamente juntos, me fez refletir sobre várias coisas, das quais principalmente um forte laço de amizade fraterna. Mas talvez a mais importante delas seja que intrinsícamente eles sintetizam bem a força de duas das mais tradicionais famílias seridoenses, as quais migraram para a Currais Novos do inicio do século XIX e assim ajudaram a construir a historia da recém criada vila e depois município.
As apresentações de ambos já foram feitas em algum post anterior, mas resumidamente temos na esquerda o Sr. Manoel Pegado Dantas Cortez – Neco Pegado (1866 – 1950), filho de Manoel Pegado Cortez e Maria Senhorinha Dantas Cortez. O da direita é o Sr. José Gomes de Melo Junior – Zezinho Gomes (1868 – 1947), filho de José Gomes de Melo e Úrsula de Macedo Gomes de Melo. Essencialmente, cada um deles, a seu modo, representam a primeira geração legitimamente currais-novense dos descendentes dos troncos Pegado Cortez e dos Gomes de Melo que aportaram na terra da schelita.
O pai de Neco migrou para Currais Novos em fins de empreender atividades agropecuárias. É originário de uma família que ostentou livre acesso às cortes portuguesas nos séculos XVI e XVII, ao que parece tendo chegado ao RN no inicio do século XVIII, instalando-se na zona da mata sul do estado, sobretudo entre os atuais municípios de Arêz/Goianinha/São José de Mipibu/Espirito Santo, onde desenvolveram atividades ligadas ao fabrico de açúcar, cachaça, gadaria em geral e principalmente politica. Sua mãe, D. Maria Senhorinha Dantas Cortez - Marica Pegado -, mulher forte e empreendedora, descende da linhagem de Caetano Dantas Correa, fundador de Acari/Carnaúba dos Dantas e de Manoel Vaz Varejão, português de extrema influencia na colonização da Vila do Príncipe (hoje Caicó) e um dos lideres da Guerra dos Bárbaros.
Zezinho Gomes é  filho de um homônimo, Capitão da Guarda Nacional, homem deveras respeitado no Seridó pela sua firmeza e em prol da correção e justiça. Sua mãe era filha do Coronel Antônio Ferreira de Macedo, chefe politico de Picuí-PB, que por seu turno é descendente de Francisco de Arruda Câmara, Capitão-Mor das Vilas de Piancó e Pombal, localizadas no sertão da Paraíba, até então estes os principais centros urbanos dos sertão setentrional.
Neco e Zezinho por certo eram amigos desde a infância. Os pais de ambos se consorciaram por volta de 1850 para juntos comprarem a data de terra denominada Pitombeiras, localizada a leste da sede do município de Currais Novos, na região onde hoje se aproximam com as divisas de Campo Redondo a leste e Cerro Corá a norte. Como os dois se conheceram e o porquê de decidirem dividir a compra de terras em conjunto permanece incógnito. Assim, o clã Pegado Cortez edificou sua sede e moradia no sitio São Luiz, ao passo que os descendentes dos Gomes de Melo o fizeram no sitio São Miguel. Ambos construíram suas fazendas por volta de 1860-1866.
O que se processou a partir deste ponto foi uma sequencia de casamentos entre os descendentes das duas famílias, terminando por fundir os Pegado Cortez com Gomes de Melo. O caso é longo e merece ser contado em próxima oportunidade. O próprio Zezinho casou-se com Maria Camila Pegado Cortez no dia 10/11/1890. Ela irmã de Neco. Talvez como demonstração da coletividade ou mesmo externando a extrema amizade entre as famílias ou mesmo querendo fazer uma festança de arromba, no dia seguinte (11/11/1890) Neco casou-se com Úrsula Augusto de Araújo, irmã de Zezinho. Assim, tornaram-se cunhados duplamente. E parece que levaram isso muito a sério, a ponto de quando Zezinho enviuvou de Maria Camila, em seguida casou-se com uma cunhada chamada Ana, irmã da esposa falecida e do amigo Neco.
À parte nestas estórias curiosas ou mesmo trágica, ambos também foram proprietários rurais: Neco herdou o que hoje conhecemos como sitio Bugi e Zezinho o sitio Liberdade, ambos extraídos do espolio das terras da outrora data Pitombeiras. Neco parece ter tido um gosto mais apurado pelo servidorismo publico, tendo exercido cargos como delegado escolar, titular da coletoria estadual e federal, adjunto da promotoria e sub-intendente municipal. Este ultimo um cargo notoriamente politico. Neste quesito, Zezinho parece ter se dedicado mais exclusivamente às atividades agropastoris. Paralelamente, foi famoso rezador e ao que parece dedicado ao carteado e talvez outros jogos de azar.
Outras tantas peculiaridades dispensadas aos dois foi a extensa prole, tendo Neco deixado 14 filhos e Zezinho 13. Netos e bisnetos eu não sei precisar, mas estimo algo próximo a 100 para cada um. Ambos foram muito longevos, tendo Neco vivido 84 anos e Zezinho por volta de 79 anos. Por fim ambos defenderam, sempre juntos e ao lado de seus filhos, a bandeira do integralismo. Inclusive esta foto mostra os dois parafernados com as vestimentas típicas da ocasião.
Assim, creio que estudando e analisando estes dois indivíduos, podemos inferir o comportamento das famílias Pegado Cortez/Gomes de Melo como um conjunto, migrantes de origem, longevas e prolíferas, harmoniosas em seu convívio social, trabalhadoras e, sobretudo amigas em sangue e suor, como o legado que suas proles desempenharam e assim o fazem até hoje no desenvolvimento do município de Currais Novos e vizinhança.
Rodrigo Cortez.
Neto de Maria Anísia Gomes Cortez - "Pepita".


O Capitão José Gomes de Mello Júnior em foto de 12 de julho de 1945, na casa de Manoel Genésio, seu 1º filho do 2º casamento. Os dois meninos da direita são os seus netos Omar Sidrin Gomes e Miguel Archangelo. À esquerda, as netas Margarida, Carmela e Ana Maria. Atrás, Maria José segurando Cecília. Elda, irmã de Omar, filhos de Antonio Cortês Gomes, está na frente de "Padrinho Zézinho".O nome completo dele era José Gomes de Mello Júnior. Àlbum de família.
Em 1910, ele recebeu uma foto do sobrinho Tomaz Salustino Gomes de Mello, com a seguinte dedicatória: "Ao meu bom tio Cap. José Gomes de Mello, com especial estima, offerece Salustino"

Faleceu Dalva Cortês.

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Foi sepultada às 8 horas de hoje, em Natal, Dalva Pegado Dantas Cortês ( à direita, sorrindo, em foto de dezembro de 2014), viúva, filha de Alfredo Pegado Dantas Cortês e Aura Dantas Cortês. Ela faleceu na noite de anteontem, 26, de causas não informadas, pois os filhos de Manoel Genésio Cortez Gomes, sobrinho de tio Alfredo, como era conhecido, não tiveram conhecimento até às 9 horas de hoje. Dalva era nossa madrinha. Breve, poderemos divulgar mais informações sobre a prima Dalva, que partiu para o oriente eterno.


  1. Alfredo Pegado Dantas Cortez (10/08/1888  09/07/1978), casado em 08/09/1923 com Aura Gomes Cortez (30/08/1906  13/08/1996)(sitio SãoLuiz, Currais Novos)
    1. José Novais
    2. Dalva
    3. Teresinha - falecida
    4. José Nabel nasceu a 06.12.1933 - faleceu 21.04.1998.
    5. Albaniz
    6. Napier
    7. Salete 
    8. José Napion (falecido)
    9. João
    10. M. de Lourdes
    11. Ivaneide
    12. Sonia Maria


terça-feira, 18 de outubro de 2016

Da seca de 15 e outras poucas anotações

Por Fernando Antonio Bezerra*

Um amigo estimado, que vive do que planta e cria, me disse certa vez: “ainda bem que a seca foi em ano eleitoral... A gente se envolve com as eleições e a seca passa mais ligeira. Não aguentaria a travessia de 16.” As eleições municipais, na maioria das cidades, findaram no dia 2 de outubro e decorridos poucos dias o noticiário já se ocupa com o agouro de mais seca pela frente. Como o homem, mestre da tecnologia e da inovação, não conseguiu enfrentar o problema para o qual ele também contribuiu, novamente os joelhos precisam se dobrar diante da crença de cada um para que a força espiritual impulsione a recarga de reservatórios e mananciais.

O assunto, como todos sabem, não é novidade. Secas históricas e graves já ocorreram. Deveriam ter modelado melhores soluções. Evidentemente que muito já foi feito, mas a população aumentou bastante e novos hábitos de vida (e consumo) foram introduzidos na vida sertaneja... Faltou estruturar a oferta d´agua e nos educar para a convivência com o semiárido. Não faltaram avisos, infelizmente.

A angústia do tempo atual, dentre tantas reflexões, nos remete, não raro, a relatos de 1915, outra grave seca que abateu o Nordeste Brasileiro. Quem ali viveu foi o seridoense Artéfio Bezerra da Cunha (*1888  +1971) que deixou escrita uma obra relevante “Memórias de um Sertanejo”, verdadeira fonte de pesquisa para entendermos algumas cenas do Sertão de antigamente. Assim, sem maior demora, transcrevo a primeira impressão do professor, pecuarista e político Artéfio Bezerra sobre o ano que começava: “Entrou janeiro de 1915, chuvas finas, espaçadas, sem recursos, quando vieram os meses de inverno, nada, estiagem declarada, com as cores de uma seca mesmo. Pânico e o povo assombrado.”

Artéfio, sabendo que ainda tinha água no açude da Fazenda Carnaúbas, da família de Ambrosina, sua esposa, para lá levou o gado e o alimentou com “cardeiro, um punhado de caroço de algodão, rama de juazeiro e jucá. Como não tinha apurado que cobrisse as suas despesas, tentou abrir uma compra de peles e couros, única mercadoria abundante no momento, pela mortandade do gado magro que morria faminto pela falta absoluta de pastagem.” Teve o sustento também aliviado pela “criação, porque esta, principalmente a cabra, passava gorda com a folha que caía dos juazeiros, do jucá e demais retraços de folhas de outros vegetais”.

Para quem podia, na época, o cotidiano foi ditado por Artéfio: juntar a família, restringir tudo e tratar o gado, com o que era possível, para não deixá-lo cair. Para os mais pobres, lamentavelmente, abandono do rebanho, corte de raízes, retiradas e mortes. Dr. Francisco de Assis Medeiros, ex-Prefeito do Caicó de todos nós, advogado e escritor foi mais enfático em uma de nossas anotações sobre o assunto: “hoje em dia, são raríssimas as pessoas que sabem o terror que foi a seca de 1915, fome, doença e morte. Duas fontes documentais registram a catástrofe: 'O Quinze', romance (1930) que marca a estreia da escritora Raquel de Queiros, primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras (1977). Outra fonte riquíssima de informações é a Biblioteca Nacional por seu acervo de fotografias e jornais da época. Meu intento era publicar algumas fotos da época, referentes ao flagelo dominante, mas as imagens são tão chocantes, que resolvi poupar meus leitores de tanta tristeza.”

E, ainda, Dr. Francisco de Assis traz dados pluviométricos que ajudam a análise histórica do fenômeno da estiagem: “Note-se, ademais, que nos anos da década de 1910 o Seridó só teve quatro anos de bons invernos, com períodos de chuvas superiores a mil milímetros, 1912, 1913, 1914 e 1917. Três anos de seca: 1911, 1915 e 1919, com períodos chuvosos entre 180 e 360 (secas verdes) milímetros. Invernos fracos em 1918, 1916 e 1910, com respectivamente 756, 422 e 696 milímetros de precipitação de chuvas”.

Nos anos de 2012 a 2016 a seca chegou sem receber convite e por aqui se estabeleceu. Os grandes reservatórios ficaram despidos, sem água e sem vida. O sertanejo foi driblando um ano e depois o outro, pensando que no seguinte tudo seria resolvido. Ainda não foi, mas, creio que será. Mesmo reconhecendo que o homem mexeu tanto na natureza, além do razoável, a fé ensina que a misericórdia divina ouve a voz do sofrimento e pode determinar um inverno restaurador. Assim seja!

*Fernando Antonio Bezerra é potiguar do Seridó / com post na página Bar de Ferreirinha  

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A SAGA DOS PALATINIK EM NATAL.

O historiador Rostand Medeiros publica reportagem sobre os Judeus em Natal no blogue tokdehistoria.com , destacando a família Palatinik
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